Estudante da escola estadual Alberto Santos Dumont no segundo ano do ensino médio em Ribeirão Preto, Marcos Desideri Arruda, na época com 17 anos, se inscreveu para fazer a prova do Projete, no ano de 2017, com o intuito de fugir de uma aula de biologia na qual não se interessava. Além disso, surgiu também o interesse pela oportunidade de realizar um curso de capacitação gratuito, já que sua família não tinha condições de investir na sua educação complementar à escola.
Com o desafio de escrever uma redação sobre como se enxergava no futuro, foi aprovado. Ao ser informado do resultado pela integrante da equipe do Projete, Juliana Peres, não conseguiu conter a felicidade, e até hoje se lembra dos momentos de aprendizado. “Logo que iniciei o curso, foi amor à primeira vista. Eu gostava de tudo: das pessoas, do ambiente e principalmente das dinâmicas e mentorias. Inclusive a mentoria que mais me marcou foi conduzida pelo Luciano Greco, que é um profissional incrível. Lembro que era sobre Desenvolvimento de Liderança e Habilidades Profissionais, foi muito importante pois ele teve o dom de fazer com que nós (jovens) de escola pública, muitas vezes marginalizados conseguíssemos enxergar além e ver que também poderíamos ser líderes e grandes profissionais com nossas qualidades e competências”, relembra Marcos.
Na apresentação do projeto final, ele e sua equipe, de 17 pessoas, realizaram o projeto “Geração que Lidera”, pautado na observação do aumento de agressões entre professores e alunos no ano de 2017, e resolveram encontrar uma solução. Analisaram desde as relações interpessoais, falha na comunicação entre aluno-professor-direção e até a falta de perspectiva de vida dos jovens como os principais fatores, e com isso promoveram palestras ministradas por profissionais da área da saúde, educação e comunicação para estreitarem os laços de relacionamento.
O projeto se tornou uma corrente do bem através da Feira de Profissões, reunindo profissionais de várias áreas, que os próprios alunos escolheram, de diversas universidades públicas e particulares para tirarem dúvidas a respeito da profissão e dos meios de ingressos nas universidades, moldando a perspectiva profissional e acadêmica de mais de 500 jovens.
O futuro dali para frente para Marcos foi inovador. “Me tornei aprendiz de uma multinacional, logo depois iniciei minha faculdade, pois graças ao Projete eu consegui fazer um cursinho pré-vestibular 100% gratuito que ajudou muito na minha aprovação em Direito na Universidade Federal Fluminense e também uma bolsa totalmente gratuita em Direito na Universidade de Ribeirão Preto (UNAERP), optei pela UNAERP. Em seguida, comecei meu estágio, mas não fiquei muito tempo pois no início de 2019 me tornei Educador Social do projeto Coletivo Jovem Coca-Cola, sendo referência social além de capacitar e formar centenas de jovens para rápida inserção no mercado de trabalho na cidade de Ribeirão Preto”, conta.
Como todo bom filho a casa torna, Marcos retornou em 2019, aos 19 anos, para trabalhar diretamente com o Projete. Começou como Ponto Focal, ajudando a conduzir mentorias, auxiliando os alunos e mentores no necessário, realizando relatórios e estabelecendo pontes de comunicação dos mentores para com as coordenadoras. Neste ano, foi promovido a Assistente Pedagógico, sendo responsável pelo acompanhamento dos processos de elaboração do Projete, avaliação dos processos metodológicos, coordenação dos tutores (antigos pontos focais), facilitação à interação de todos da equipe, discussão dos índices de avaliação internos ou externos e contribuição a um planejamento de forma continuada dos tutores.
Entre todas as dificuldades, superou uma muito recorrente nas personalidades jovens desta geração: a insegurança. “Sem o Projete, não consigo mensurar como seria minha vida hoje em dia, visto que ele me abriu muitas portas e fez com que eu desenvolvesse diversas competências que me ajudam não só na vida profissional e acadêmica como também no âmbito pessoal. A maior transformação que o Projete fez em mim foi, com certeza, o estímulo de não ter medo de errar pois só assim eu aprenderia e cresceria”, afirma.
Mesmo com as grandes conquistas, os sonhos não param e Marcos já pretende emendar o fim da graduação de Direito com o início no curso de Relações Internacionais, com o intuito de sempre promover responsabilidade social. “Meu real plano é nunca parar de estudar, sempre me desenvolver cada vez mais. Quero advogar também, entretanto sempre estar envolvido com projetos sociais, seja ministrando, patrocinando, com o objetivo de retribuir para a sociedade tudo aquilo que um dia já fizeram por mim, fazendo com que essa roda da gratidão nunca pare de girar e com que a vida de mais jovens seja salva, assim com a minha foi”, conclui.
Texto escrito por Bruna Martinelli