Como Projete e alunos têm se conectado aos estudos em meio a pandemia
Em meio a tanta correria, inovação e mudanças, o mundo precisou parar para refletir, se recuperar e se reinventar. O processo é vivido por todos, e com o Projete não tem sido diferente. Como nosso trabalho é ligado à educação social, agora, mais do que nunca, não podemos parar. Por isso, estabelecemos novas medidas de conexão com nossos selecionados para a segunda fase – através de grupos de conversas e redes sociais –, para que possamos voltar mais preparados.
Começamos o ano com uma remodelação no sistema de seleção. O crescimento significativo do Projete durante esses sete anos proporcionou maior credibilidade e alcance, tanto nas escolas, quanto nas instituições. Com isso, tornamos nossa seleção ainda mais criteriosa para encontrar o perfil ideal do aluno Projete, acrescentando mais fases além da redação.
“Não havia uma entrevista, uma preparação para isso. Simplesmente os alunos que se desenvolviam melhor na redação conseguiam a vaga. A redação é importante, claro, mas esse aluno do Projete tem que querer fazer parte. Às vezes ele pode ter um bom desenvolvimento na redação e não ter um perfil Projete, do agente social, do protagonismo social, do jovem que quer se desenvolver por meio de mentorias, que quer uma imersão tanto no ramo acadêmico como no mercado de trabalho”, justifica o assistente pedagógico Marcos Desideri.
Os alunos, além de uma redação, agora respondem a um questionário sócio econômico, para que o projeto possa avaliar as diferentes realidades presentes nas escolas de Ribeirão Preto. Selecionados, os 411 alunos aprovados de 2020 ainda irão realizar um pitch – apresentação rápida – sobre eles mesmos de forma online, por videoconferência.
Com uma cartilha de instruções distribuída antes da pandemia, eles ensaiam de casa como podem ser objetivos ao falar sobre si durante dois minutos para que possam criar um vínculo emocional positivo com o trabalho social antes mesmo da imersão nas mentorias.
“Acrescentamos essa fase do pitch para avaliarmos o nível de garra e o interesse deles em fazer o Projete, […] a banca de jurados é composta por 03 voluntários que vão fazer um treinamento e formação para estarem ali. Depois do pitch, serão atribuídas notas e os jovens que passarem estarão aptos a cursar o Projete este ano. Menos de 200 dos 411 poderão fazer parte”, explica.
Cientes da necessidade de um suporte ainda maior de preparo acadêmico, o Projete também tem se integrado pelas redes sociais aos jovens com o intuito de proporcionar dicas e conexões de estudos para que possam se desenvolver ainda mais e prepararem-se não só para a segunda fase do Projete, como também para os vestibulares no fim do ano.
“Temos um grupo de WhatsApp com todos os jovens que passaram de todas as instituições e mantemos um contato rotineiro para falar não só sobre o Projete, mas também sobre estudos e em como eles estão se sentindo nesse momento de pandemia. Passamos por um momento conflituoso de sentimentos no qual os jovens se encontram muitas vezes perdidos. Ter um amparo da equipe nesse período, gera um vínculo com o Projete. Um dos nossos principais objetivos é fazer com que o jovem continue estudando e se interesse em cursar uma faculdade. Vemos que temos métodos alternativos de estudos advindo da indústria 4.0. Antigamente, as pessoas pesquisavam pela enciclopédia, hoje procuram em Google, podcasts, vídeos, e o Projete se apropria disso tudo. A gente tenta promover esse encontro de tudo que é clássico e contemporâneo para os jovens”, conclui Marcos.
Estudando de casa
Natural de Ituverava, interior de São Paulo, mas morador de Ribeirão Preto desde criança, o estudante de 16 anos Vinicius Donizeti dos Santos Ataliba sempre estudou em escola pública e tem grande afinidade com o conhecimento. Muito ligado e grande amador dos esportes como basquete, natação, dama e xadrez, deixou as práticas esportivas de lado no ensino médio para poder se dedicar melhor aos estudos e ao curso de informática.
Aluno com médias entre 9 e 10, Vinicius conheceu o Projete através da vice-diretora de sua escola, E.E. Prof. Cid de Oliveira Leite, e dos alunos que já participaram do trabalho socioeducativo. “A maneira com que eles descreviam a mudança que o Projete fez na vida deles me fez ficar empolgado para fazer parte de algo tão bem descrito e conseguir um direcionamento para as decisões do meu projeto de vida. Decidi participar pelo direcionamento que o Projete oferece, […] e, tal direcionamento, se demonstra essencial para complementar meus planos futuros e me ajudar a ter melhores decisões, conseguir absorver o máximo de conhecimentos que puder e adquirir experiência”, conta.
O estudante se prepara para a segunda fase, em casa, não só através das dicas da cartilha, mas com métodos próprios também. Em quarentena, a informatização se tornou um grande hobby.
“As orientações da cartilha vão ajudar a direcionar minha apresentação. Sabendo que a segunda etapa seria uma entrevista, estou treinando o meu diálogo (fluidez e objetividade) e a controlar meu nervosismo. Estudei isso através de entrevistas que assisti e treino dialético com meus familiares”, diz
Com intuito de prestar o Enem este ano como treineiro, Vinicius tem aproveitado a preparação da segunda fase para também se aprimorar para o vestibular através de livros, aplicativos, pesquisas e estabeleceu rotina de estudo.
“Tenho realizado atividades de vestibulares passados, treinado através de aplicativos voltados a questões de vestibulares, estudado todo o material didático disponível pela minha escola e emprestado pelos amigos, entre outros. Minha rotina de estudos tem sido de segunda à quinta, por duas horas, com pausa de 30 minutos e retomando mais uma hora. Ainda não posso ingressar em um curso com a minha nota, mas se pudesse, escolheria uma área voltada à tecnologia, preferencialmente a mecatrônica”, contou.
Texto escrito por Bruna Martinelli